domingo, 29 de julho de 2007

Até já!

Abraçaram-se então, demorando-se nesse aperto lento, sufocante, esmagador. Nesse momento, selou-se a despedida com a ansiedade do prometido regresso.

Com o virar de costas chegou a discreta lágrima, o ligeiro tremor denunciador do profundo nervosismo que se apoderava de ambos os corpos.

Ela, à medida que se afastava, apertava mais seguramente as flores que levava. "Que estas rosas representem o que nestas semanas vivemos!"... Sim, cada uma delas guardava o segredo daqueles dias vividos, daquela cumplicidade tão facilmente criada.

Nas suas cabeças pairava um turbilhão de pensamentos, que misturados com aquela explosão de sentimentos os deixava tristes, angustiados e ao mesmo tempo tão felizes.

Pelo caminho, pensaram nas carícias divertidas que costumavam trocar, nas palavras meigas que ofereciam um ao outro, nas conversas tão sérias e ao mesmo tempo tão reconfortantes, tão aliviantes. Pensaram nos beijos impacientes por felicidade, nos passeios orgulhosos de mão dada, nos primeiros jantares... e que saudade! Com um leve sorriso nos lábios, pensaram em todos os momentos que passaram juntos... todos tão únicos, tao peculiares, tão encantadores!

A saudade do abraço chega a ser desesperante.

Com fulgor, abandonaram o seu pensamento ao brindar de corpos, àquela entrega e fusão de seres, àquele alcance de felicidade suprema e entrega total. Nesse momento, sentiram como o tempo foge, como o tempo se reduz perante a imensidão de planos que têm. Subitamente, apercebem-se que o tempo se torna pouco para tudo aquilo que sonham, para tudo aquilo que falta viver. Querem viver, têm pressa de viver e o medo persegue-os num mundo de sentimentos que se distanciam e que ao mesmo tempo continuam tão unidos.

Ao medo resiste aquela cumplicidade de palavras e pensamentos. E mesmo longe, essas mesmas palavras completam-se na mais perfeita perfeição. E isso ninguém lhes poderá roubar.


[Este texto sim, foi um verdadeiro desafio... Não sou de escrever coisas bonitas e com um fundo feliz. Espero ter cumprido minimamente o meu objectivo]

1 comentário:

Anónimo disse...

Algo de fantástico...

Foi isso que senti ao ler este texto...

Racionalizar sentimentos é algo, segundo algumas pessoas, impossível. Visto, por vezes, não existir vocábulo capaz de suportar todo aquele sentir que nos vai na alma. Isto é um facto!

Contudo ao ler este belo texto, vi que tal visão de tais pessoas não se encontra totalmente correcta. Pois consegui encontrar nesta aglomeração de palavras aquilo que eu por vezes também senti.

Com isto só te tenho a felicitar por o maravilhoso texto que conseguiste desenvolver, anotando o mais infimo sentimento emergente no mais saudoso "Até já".

Continua no bom trabalho!