quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Sentir o que por outros já foi sentido...

Estou cansado

Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Álvaro de Campos

[Sentir o que outros já sentiram... ou fingir...]

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Hiri - Kepa Junkera


Aqui está uma música que veio comigo duns diinhas das minhas férias que passei fora. Apreciem, vale a pena ;)

Serenidade... É o que esta musica me dá! Partilho-a convosco...

Sete factos da vida... Ora bolas!

Fui "apanhada" pelo Takis e aqui estou eu para lhe responder ao desafio =p

Cada pessoa deverá escrever sete factos casuais sobre a sua própria vida, passando o desafio a outras sete pessoas, deixando um comentário nos seus blogs a informá-las do desafio.

Aqui vai:

1 - Acordar de manhã e poder ficar a preguiçar na cama, sem horas para me levantar (saliente-se que estou de férias, se bem que durante o ano que passou a diferença não foi muita).

2 - Constatar diariamente que sou dependente dum telemóvel e mandar cerca de cem mensagens por dia (juro que me apetece atirá-lo pela janela abaixo!).

3 - Ir constantemente ao Hi5, quando estou na net, mesmo tendo noção que aquilo é uma palhaçada (já se tornou num vício).

4 - Repetir descontroladamente as palavras "caca" e "bolas" como expressões "encaixantes" em qualquer situação que enfrente ao longo do dia.

5 - Mexer no cabelo (não que fique menos despenteada à custa disso).

6 - Imaginar conversas, sobretudo em frente ao espelho (eu sei que já devia ter passado esta fase...).

7 - Ouvir música... Este é sem dúvida o meu maior e eterno vício, que está presente em cada um dos meus dias. Músicas mais ouvidas? Muse, sem dúvida!


Objectivo cumprimido. Desafio:

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Sentir descontroladamente...

Páro.... Sinto um vento que mexe, que transtorna, que se apazigua e volta a mexer violentamente, arrancando-me coisas minhas, coisas tão minhas que doem... mas doem de tal forma que sinto o meu peito romper-se descontroladamente. E tudo foge de lá... de uma forma tão boa, com tanta vontade, com tanta força e, ao mesmo tempo, tão dolorosamente. Como é bom sentir isto.
Dor e prazer.
Não penso, sinto tão sentido sem saber o quê. Morro e nasço vezes sem conta. Quero apenas ficar assim... neste momento parado, para sempre. Sentir as coisas a voar tresloucadamente à minha volta, enquanto eu permaneço tão aqui.
Quero sofrer num sentimento reconfortante só porque me faz sentir viva.
Sim, prefiro sofrer do que não viver.
Quero apenas não sentir que não sinto.
Quero pensar e escrever sem parar. Como é bom este momento!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Negro buraco

É negro o buraco do meu coração, que vai cegando incessantemente o branco da minha alma com o escuro da solidão. E foge... Mas foge para trás, para o fundo, afogando-se nesse circulo cinzento estonteante. Escava a cada dia uma nova tristeza, uma nova perturbação, um novo sufoco que vou engolindo indiferentemente. Porquê? Deixei de acreditar!

E quando chegar ao fundo?! Como será quando chegar ao fundo?

terça-feira, 31 de julho de 2007

Tarde, como te gosto!

Foi numa tarde que me olhaste... Sim, bastou essa tarde!

Veio a curiosidade, a esperança, o interesse fatal... Veio aquela paixão tão nova, tao forte dentro dum universo tão fraco... Veio o momento, o concretizar de um breve sonho e com ele a dor, ancorada a um navio onde não era bem vinda. Trouxe a desilusão, os enganos da alma. Como se não bastasse, afirmou-se a saturação, o "não te aguento mais", um pouco de raiva, vingança até.

...

Mas um dia, - ai como é bom esse dia! - , voltaram as lembranças, aquela esperança longínqua, aqueles sentimentos tão novos e quase esquecidos. Trocamos olhares conhecidos e ao mesmo tempo tão desconhecidos, trocamos danças outrora dançadas, palavras já ditas, sorrisos reavivados e brincadeiras novas. Palpitar do coração, como eu te recordo!

E a partir desse dia, sim meu amor, a partir desse dia fomos felizes!
[outro desafio...]

segunda-feira, 30 de julho de 2007

"New Born" - Muse

Link it to the world
Link it to yourself
Stretch it like a birth squeeze
The love for what you hide
The bitterness inside
Is growing like the new born
When you've seen, seen
Too much, too young, young
Soulless is everywhere

Hopeless time to roam
The distance to your home
Fades away to nowhere
How much are you worth
You can't come down to earth
You're swelling up, you're unstoppable

'cause you've seen, seen
Too much, too young, young
Soulless is everywhere

Destroy the spineless
Show me it's real
Wasting our last chance
To come away
Just break the silence
'cause I'm drifting away
Away from you

Link it to the world
Link it to yourself
Stretch it like it's a birth squeeze
And the love for what you hide
And the bitterness inside
Is growing like the new born

When you've seen, seen
Too much, too young, young
Soulless is everywhere

Destroy the spineless
Show me it's real
Wasting their last chance
To come away
Just break the silence
'cause I'm drifting away
Away from you

Escolher a melhor era impossível.... Para mim todas as músicas dos Muse são as melhores! Como tal, deixo aqui esta música, que foi a primeira que "descobri", aquela que me fez querer conhecer mais deste grupo. Para aqueles que conhecem revejam, nunca é demais, para os que não conhecem... ouçam com atenção;)

domingo, 29 de julho de 2007

Até já!

Abraçaram-se então, demorando-se nesse aperto lento, sufocante, esmagador. Nesse momento, selou-se a despedida com a ansiedade do prometido regresso.

Com o virar de costas chegou a discreta lágrima, o ligeiro tremor denunciador do profundo nervosismo que se apoderava de ambos os corpos.

Ela, à medida que se afastava, apertava mais seguramente as flores que levava. "Que estas rosas representem o que nestas semanas vivemos!"... Sim, cada uma delas guardava o segredo daqueles dias vividos, daquela cumplicidade tão facilmente criada.

Nas suas cabeças pairava um turbilhão de pensamentos, que misturados com aquela explosão de sentimentos os deixava tristes, angustiados e ao mesmo tempo tão felizes.

Pelo caminho, pensaram nas carícias divertidas que costumavam trocar, nas palavras meigas que ofereciam um ao outro, nas conversas tão sérias e ao mesmo tempo tão reconfortantes, tão aliviantes. Pensaram nos beijos impacientes por felicidade, nos passeios orgulhosos de mão dada, nos primeiros jantares... e que saudade! Com um leve sorriso nos lábios, pensaram em todos os momentos que passaram juntos... todos tão únicos, tao peculiares, tão encantadores!

A saudade do abraço chega a ser desesperante.

Com fulgor, abandonaram o seu pensamento ao brindar de corpos, àquela entrega e fusão de seres, àquele alcance de felicidade suprema e entrega total. Nesse momento, sentiram como o tempo foge, como o tempo se reduz perante a imensidão de planos que têm. Subitamente, apercebem-se que o tempo se torna pouco para tudo aquilo que sonham, para tudo aquilo que falta viver. Querem viver, têm pressa de viver e o medo persegue-os num mundo de sentimentos que se distanciam e que ao mesmo tempo continuam tão unidos.

Ao medo resiste aquela cumplicidade de palavras e pensamentos. E mesmo longe, essas mesmas palavras completam-se na mais perfeita perfeição. E isso ninguém lhes poderá roubar.


[Este texto sim, foi um verdadeiro desafio... Não sou de escrever coisas bonitas e com um fundo feliz. Espero ter cumprido minimamente o meu objectivo]

Não sentir...

Quero ver fantasmas e ter neles a certeza da minha loucura.......
Desprezo... Dor... Raiva... Ódio.....
[É apenas isto que hoje posso dar ao Mundo]

28 de Julho de 2007

Metamorfose da alma

No fundo, é isso, a solidão: envolvermo-nos no casulo da nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba sempre por chegar.

August Strindberg

Paradoxo da Felicidade

Com a felicidade acontece o mesmo que com a verdade: não se possui, mas está-se nela. Sim, a felicidade não é mais do que o estar envolvido, reflexo da segurança do seio materno. Por isso, nenhum ser feliz pode saber que o é. Para ver a felicidade, teria de dela sair: seria então como um recém-nascido. Quem diz que é feliz mente, na medida em que jura, e peca assim contra a felicidade. Só lhe é fiel quem diz: fui feliz. A única relação da consciência com a felicidade é o agradecimento: tal constitui a sua incomparável dignidade.
Theodore Adorno, in "Minima Moralia"

O que é isso de Poesia?

O que é isso de poesia?
Talvez uma bela noite de luar,
uma alma que ria
Ou o vento a soprar...

O que é isso de poesia?
Um céu cintilante,
uma madrugada fria...
Um sonhador navegante?

O que é isso de poesia?
A poesia és tu
A poesia sou eu
A poesia é tudo aquilo a que damos cor
Tudo aquilo que fazemos com amor


Um dos primeiros poemas que escrevi, aos 13 anos... Primeira publicação também, no jornal da escola.. :)

Para sempre Recordações

Tenho saudades de ser criança e conseguir fechar os olhos enquanto o meu pai conduz, na segurança de que tudo correrá bem.
Tenho saudades de brincar com as barbies, no calor de um momento descontraído, banal e ao mesmo tempo tao inesquecível.
Tenho saudades de brincar aos escritórios, imaginando-me uma importante empresária ou uma humilde sercretária.
Tenho saudades de fugir aos olhares vigilantes da minha mãe, correndo vigorosamente para o mar, na ânsia dum simples molhar de pés.
Tenho até saudades das (aborrecidas) tardes de Domingo, daqueles passeios familares, agora tão longínquos e remotos.
Tenho saudades da tristeza de perceber que a minha irmã já não é mais aquela criança com quem brincava... de aprender a ouvir o seu "Não me apetece".
Tenho saudades das tardes em casa dos avós, onde o acolhedor baloiço chamava lá de longe, sem que lhe conseguisse resistir.
...
Recordo ainda as personagens alegres, simples e comuns que criava. Mas felizes! Comparo-as às figuras mórbidas, solitárias e amarguradas que hoje invento.


A minha cadela está deitada aos meus pés... Mordisca-os, pedindo-me atençao... Pedindo-me que vá buscar a bola e brinque com ela... nem sempre o faço e recordo a tristeza por mim sentida aquando da adolescência da minha irmã. Fico triste, pergunto-me se ela também fica.


Estou de férias... Mas faltam-me as barbies, o baloiço, a pequena irmã e a vontade de brincar.


Lembro uma vez mais aquela simples e despropositada alegria de criança que hoje perdi.


[Quem disse que há uma criança dentro de nós para toda a vida? Onde está ela?]