Abraçaram-se então, demorando-se nesse aperto lento, sufocante, esmagador. Nesse momento, selou-se a despedida com a ansiedade do prometido regresso.
Com o virar de costas chegou a discreta lágrima, o ligeiro tremor denunciador do profundo nervosismo que se apoderava de ambos os corpos.
Ela, à medida que se afastava, apertava mais seguramente as flores que levava. "Que estas rosas representem o que nestas semanas vivemos!"... Sim, cada uma delas guardava o segredo daqueles dias vividos, daquela cumplicidade tão facilmente criada.
Nas suas cabeças pairava um turbilhão de pensamentos, que misturados com aquela explosão de sentimentos os deixava tristes, angustiados e ao mesmo tempo tão felizes.
Pelo caminho, pensaram nas carícias divertidas que costumavam trocar, nas palavras meigas que ofereciam um ao outro, nas conversas tão sérias e ao mesmo tempo tão reconfortantes, tão aliviantes. Pensaram nos beijos impacientes por felicidade, nos passeios orgulhosos de mão dada, nos primeiros jantares... e que saudade! Com um leve sorriso nos lábios, pensaram em todos os momentos que passaram juntos... todos tão únicos, tao peculiares, tão encantadores!
A saudade do abraço chega a ser desesperante.
Com fulgor, abandonaram o seu pensamento ao brindar de corpos, àquela entrega e fusão de seres, àquele alcance de felicidade suprema e entrega total. Nesse momento, sentiram como o tempo foge, como o tempo se reduz perante a imensidão de planos que têm. Subitamente, apercebem-se que o tempo se torna pouco para tudo aquilo que sonham, para tudo aquilo que falta viver. Querem viver, têm pressa de viver e o medo persegue-os num mundo de sentimentos que se distanciam e que ao mesmo tempo continuam tão unidos.
Ao medo resiste aquela cumplicidade de palavras e pensamentos. E mesmo longe, essas mesmas palavras completam-se na mais perfeita perfeição. E isso ninguém lhes poderá roubar.
[Este texto sim, foi um verdadeiro desafio... Não sou de escrever coisas bonitas e com um fundo feliz. Espero ter cumprido minimamente o meu objectivo]